Fraude corporativa: o que é e como prevenir?

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O Relatório das Nações da AECF (Associação de Examinadores Certificados de Fraudes) de 2022, em sua 12.ª edição, novamente demonstrou o quão abrangente continua sendo a ocorrência de fraude nas organizações.

De janeiro de 2020 a setembro de 2021, foram 1200 ocorrências de irregularidades nos 133 países pesquisados, com um prejuízo total de 3,6 bilhões de dólares.

No mais recente Relatório de 2024 (referente ao ano de 2023), 1921 casos foram examinados, e as perdas totalizaram 3,1 bilhões de dólares¹.

É interessante notar que, de trinta e três bilhões de trabalhadores (no total do estudo), uma parte muito ínfima comete essas fraudes e causa um prejuízo tão grande.

A pesquisa mostrou, ainda, que quase metade dos casos foram detectados por “dicas”, ou seja, por denúncias.

A fraude é a maior responsável por perdas financeiras em empresas em todo o mundo.

Combater fraudes financeiras e outras irregularidades dentro de uma organização é um desafio contínuo, mas com empenho e comprometimento é possível prevenir e combater esse mal.

Neste artigo, entenda mais sobre fraudes corporativas e como preveni-las nas organizações.

Boa leitura!

O que é a Fraude Corporativa?

O recente crescimento das empresas em geral e o aumento das oportunidades e das relações são fatores que potencializam o risco de fraude corporativa em organizações de todo o mundo.

De acordo com a Associação de Examinadores de Fraudes Certificados (AEFC), a fraude é qualquer atividade, praticada por um indivíduo ou grupo, que se fundamenta em enganos e artimanhas para conquistar algum ganho.

É, em suma, um esquema baseado na desonestidade, ações antiéticas e dissimulação.

Resumidamente, a fraude corporativa pode se apresentar de três maneiras¹:

  1. Fraudes contábeis: empresas e colaboradores adulteram dados e documentos dos registros contábeis. Às vezes com o objetivo de ocultar perdas e parecer mais sólida no mercado, às vezes para benefício pessoal do trabalhador.
  2. Corrupção: extorsão, suborno e conflitos de interesses (esquemas de venda), dentre outros.
  3. Ativos: ocorre geralmente pela apropriação indevida de ativos, podendo ser, diretamente, dinheiro, mas também patentes, softwares, direitos, licenças, etc.

Entende-se que a fraude, incluindo a  corrupção, é responsável pela ineficiência e enganos no setor de investimentos, pela desmotivação da população na busca da boa convivência e do bem comum, além de gerar altos custos sociais e políticos³.

Por que a fraude ocorre nas organizações?

A razão das fraudes ocorrerem é resumida no que chamamos de “triângulo da fraude”, que é formado por:

Pressão: necessidade mais urgente de dinheiro, piora na situação financeira e gastos inesperados podem criar uma pressão para se adquirir dinheiro a qualquer custo. A pressão pode vir também de outras formas, como por exemplo a necessidade de se atingirem metas, pressão psicológica por resultados excepcionais, etc.

Racionalização: de alguma maneira, o indivíduo irá persuadir-se de que cometer a fraude é algo justo: “não é tão mal assim”, “não vai fazer falta a eles”, “preciso muito mais que qualquer um nesta situação”, etc.

Oportunidade: com a pressão e a racionalização engatilhadas, basta que apareça uma oportunidade para que o indivíduo cometa a fraude.

Por isso, todas as empresas estão sujeitas a sofrer com fraudes corporativas.

É importante que as organizações conheçam os mecanismos de controle e de mitigação desse risco e saibam aplicá-los adequadamente.

Informações-chave sobre fraudes corporativas

Resumimos as informações mais importantes trazidas pelo Relatório das Nações de 2024, que lançam luz sobre a realidade das fraudes corporativas nas organizações: como ocorrem, quanto custam, quais são os elementos e como é feita a detecção.

Vamos focar nos Esquemas e na Detecção das fraudes.

ESQUEMAS
As fraudes contábeis são o tipo menos comum (5%), mas é o tipo mais custoso, com perda média de $766 mil dólares por caso.
Quanto à corrupção, que envolve suborno, presença de conflito de interesses e extorsão, quase metade (48%) dos casos reportados tinham uma questão de corrupção.
Um caso típico de fraude dura 12 meses até ser detectado.
DETECÇÃO
São os colaboradores os maiores responsáveis pelas denúncias — mais da metade (52%) foram feitas por eles. Em segundo lugar estão os clientes (21%) e em terceiro os fornecedores (11%).
O mecanismo de denúncia mais frequente da fraude corporativa foram as plataformas digitais (40%), seguidas do e-mail (37%) e do telefone (30%)
A presença de mecanismos de detecção anti-fraude é associada a perdas financeiras menores e detecção mais rápida.

O Compliance no combate à fraude corporativa

Programas de Compliance são imprescindíveis para combater a realidade extensa da fraude corporativa nas organizações.

Fraudes tornam os processos e sistemas vulneráveis e colocam a organização em riscos de diversos tipos:

  • de mercado;
  • financeiros;
  • estratégicos;
  • operacionais.

Como a fraude está diretamente associada ao comportamento humano, o Compliance é uma ótima estratégia para enfrentamento.

Com um Programa de Compliance, pretende-se atingir os elementos que determinam a fraude corporativa, principalmente a racionalização e a oportunidade.

A racionalização ocorre na presença de elevada pressão, ficando mais fácil para o indivíduo argumentar em favor da irregularidade quando está “sozinho” — quando não há argumento contrário forte o bastante.

O Compliance pode auxiliar, por exemplo, na escrita do Código de Conduta e no reforço dos treinamentos sobre políticas, leis e outras normas internas.

Se essas informações sobre a ilegalidade e o perigo das fraudes estiverem presentes, sempre à vista e ao alcance dos colaboradores e, principalmente, se for uma parte sólida da cultura organizacional, a racionalização em favor da fraude fica mais difícil.

Além disso, o programa irá lapidar processos e identificar riscos para a ocorrência de fraude: vulnerabilidades no setor contábil, na segurança de softwares e dados, perfil do fraudador, etc.

O Compliance se caracteriza pelo esforço contínuo de identificação de riscos e criação de medidas para os aplacar. Portanto, as oportunidades para a fraude corporativa tornam-se escassas, deixando mais difícil o seu planejamento e execução.

Por último, é claro, a implementação efetiva do melhor mecanismo de detecção de irregularidades é essencial. Um Canal de Denúncias é o coração do Compliance e, sem ele, as detecções se tornam mais demoradas, levando as fraudes a causarem ainda mais danos às corporações.

Conclusão

Fraudes corporativas ocorrem nos setores público e privado e, há alguns anos, mantêm um padrão estável e altamente nocivo para as empresas.

As perdas financeiras anuais em todo o mundo devido à fraude sempre beira os 3 bilhões e, em cada caso, perde-se entre 100 mil e 800 mil dólares.

Não somente a fraude corporativa mina os esforços de uma organização, mas também tem um impacto altamente negativo na sociedade à sua volta — as pessoas perdem a confiança nas empresas, no governo e nas próprias pessoas, quando se deparam com um escândalo de fraude.

Prevenir a ocorrência desse mal é possível e está ao alcance de todas as organizações.

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Referências

  1. Occupational Fraud 2024: A Report to the Nations
  2. Corporate fraud.
  3. Compliance como ferramenta de mitigação e prevenção da fraude organizacional

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