Tendências para o futuro do Compliance

Confira, no artigo por Wagner Giovanini, quais são os temas passíveis de influenciarem o Compliance no futuro, para evitar surpresas e preparar o terreno para enfrentar novos desafios na área.

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A dinâmica do mundo, os avanços tecnológicos, a influência das decisões políticas, o progresso do ambiente corporativo e mais uma infinidade de outros fatores impactam a realidade e, dessa forma, não sabemos ao certo como tudo vai se desenrolar.

Por outro lado, o profissional diligente permanece atento a tudo ao seu redor, para entender as mudanças e tomar as medidas cabíveis, visando manter-se alinhado aos objetivos de sua função.

Nesse artigo, chamamos a atenção para uma série de temas passíveis de influenciarem diretamente o Compliance. Se negligenciados, corre-se o perigo de as práticas atuais não serem capazes de proteger a organização frente a novos riscos e, dessa maneira, provocarem falhas importantes no Compliance ou até a sua inutilidade. 

Assim sendo, essa reflexão revela a necessidade de cuidados para alguns aspectos, a fim de evitar surpresas e preparar terreno para enfrentar desafios novos e vencê-los com maior facilidade.

Boa leitura!

O Compliance atual

O Compliance evoluiu bastante nos últimos anos, tendo assumido uma estrutura sólida nas organizações onde a sua implementação foi acertada. Nelas, há uma harmonia entre os diversos elementos do sistema e os processos fluem normalmente, tendo o output de um como inputs de outros.

Desse modo, a análise sistêmica de riscos dá subsídios para a documentação (Código de Conduta e políticas) e para o desenho dos processos do Compliance, como aprovações, avaliação de conflitos de interesses, recebimento e tratamento das denúncias, investigação, comunicação, treinamento, etc. Controles e monitoramento regulares asseguram a conformidade desses processos e a efetividade de todo sistema. Tudo funciona sob o apoio da Alta Direção e com uma estrutura adequada, em termos de pessoal, condições físicas e recursos financeiros.

Mas, a prática difere do mundo real. Na maioria das empresas, ainda há necessidades urgentes a serem tratadas pelo sistema. Por exemplo: focar nos indivíduos; simplificar seus processos à medida do possível, para evitar burocracia desnecessária; atuar como consultor confiável, demonstrando a sua utilidade no dia a dia da organização; consolidar o seu valor estratégico; fortalecer as interfaces internas; etc. 

Todas essas necessidades ficarão ainda mais críticas num futuro próximo e, por essa razão, quem ainda não venceu os respectivos obstáculos e desafios precisa se apressar, pois, do contrário, a cada dia, as transformações do mundo ficarão mais distantes da realidade interna, correndo-se o risco de se perder para sempre a chance da manutenção de um Compliance efetivo.

Se você quiser mais detalhes, acesse o artigo específico sobre esse assunto clicando aqui.

Matérias importantes para o futuro

O cenário corporativo é dinâmico, as necessidades estão sempre se modificando e os conceitos sempre se renovando. Portanto, manter-se atualizado e qualificar-se para as novas tarefas são obrigações dos profissionais de Compliance.

Por isso, eles devem estar vigilantes, acompanhando os acontecimentos e os movimentos ocorridos na sociedade, no mercado, no ambiente corporativo, nas relações humanas, etc. 

Devem também transformar as observações em ações concretas para o Sistema de Compliance, ou seja, avaliando o surgimento de riscos até então inexistentes, propondo e implementando medidas mitigadoras, com o fim de proteger a empresa e as pessoas e assegurar a manutenção de todos os benefícios desse sistema.

Assim, a seguir, vamos levantar algumas hipóteses sujeitas a afetar o cotidiano do Compliance, num futuro não muito distante. Ao leitor, entretanto, fica a dica: use essas suposições como “insights”; a realidade é muito mais ampla e, por certo, aparecerão várias coisas ainda nem aventadas.

  • Transformação digital e o aumento frequente no uso da internet e mídias sociais.

  • Avanço tecnológico, inteligência artificial, computadores quânticos e as realidades paralelas, fomentando a aproximação do Compliance com as áreas de TI, inclusive no tratamento de dados pessoais e segurança da informação.

  • Diversas novas ferramentas, como chatbot e data analytics, que podem contribuir com o sistema de Compliance ou serem abrangidas por suas práticas.

  • Criptomoedas, blockchain, riscos cibernéticos e as crescentes ações criminosas de hackers. 

  • Surgimento de novas profissões e a extinção de inúmeras funções e cargos de trabalho.

  • Fortalecimento da interface do Compliance com o RH, com o progressivo aumento da importância de temas como: relações humanas, cada vez mais fluidas, meritocracia, diversidade, combate ao assédio, discriminação, trabalho escravo e infantil, segurança no trabalho, saúde ocupacional, clima organizacional, direitos humanos, etc.

  • Humanização do Compliance, com as pessoas como foco principal.

  • O Compliance moderno deve alcançar zonas mais distantes da atuação recente, como previsto pelo Compliance by design, onde a ética e a integridade devem estar presentes desde a concepção do produto ou serviço (por exemplo, incluindo os departamentos de Inovação e de Pesquisa e Desenvolvimento) até o seu destino final (abrangendo logística e descarte). 

  • O ESG (Environmental, Social and Governance) promete ganhar mais espaço. Dessa forma, a integração do Compliance com o ESG é inevitável, criando um primeiro grande desafio: enfrentar o greenwashing como missão rotineira dos responsáveis pelo Compliance, tanto do lado interno quanto no âmbito de seus fornecedores.

  • Fortalecimento das ações coletivas, onde uma grande corporação deve coordenar ações conjuntas com seus fornecedores, oferecendo opções concretas para o desenvolvimento de uma cultura íntegra de verdade, colocando, num primeiro passo, o Compliance e, na sequência, a implementação de sistemas internos voltados para o cumprimento dos requisitos do ESG.

  • Mudanças contínuas nas legislações, regulamentos e exigências de mercado. Aliás, espera-se um rigor maior nos requisitos para exportação envolvendo ESG, ética e integridade.

Todos os aspectos acima citados, dentre vários outros, já começam a impor uma verdadeira revolução cultural, alterando costumes e comportamentos, revelando novas ameaças para as corporações e indivíduos, obrigando a ética a assumir posição fundamental a todo momento. Em breve, o panorama atual não existirá mais e teremos um outro universo à nossa frente

Por isso, é imprescindível a atenção dos profissionais de Compliance a cada movimento no mercado, não apenas para acompanhar a onda, mas para agir com precisão e sem delongas, a fim de manter o seu Compliance efetivo e gerando benefícios para todos. 

Conclusão

O progresso avança cada vez mais rápido e as consequências no ambiente corporativo são inevitáveis. São inúmeras as transformações, atuais, visíveis ou projetadas, a assombrarem as organizações. 

O Compliance, por sua vez, tem a missão de manter a empresa e pessoas protegidas, contra irregularidades, desvios de conduta e ilicitudes, entregando, por outro lado, diversos benefícios aos stakeholders.

Para o perfeito funcionamento desse sistema, no entanto, é necessário dispor de vários elementos harmonicamente conectados, atuando com precisão e efetividade. 

Porém, diante das mudanças de cenário, o Compliance deve estar preparado para identificar novos riscos e mitigá-los, sem delongas.

Esse artigo sugeriu hipóteses de tendências para o futuro e trouxe alguns “insights” para quem atua com o Compliance manter-se atento e diligente no exercício de suas funções. As ações decorrentes dessa observação precisam ser concretas e imediatas, se não, o Compliance estaria descumprindo os seus propósitos.

As empresas dependem do Compliance para assegurar a sua sustentabilidade e essa dependência deve crescer ainda mais!

Se você ainda não conhece o conceito de Redes de Integridades, utilizados pela Compliance Station®, acesse aqui. Vale a pena conferir!

Wagner Giovanini é especialista em Compliance e sócio-diretor da Compliance Total, Contato Seguro e Compliance Station. Autor do livro “Compliance – a excelência na prática”, desenvolveu a Compliance Station®, plataforma inovadora para a implementação e execução do Compliance em micro e pequenas empresas. Para mais informações e conteúdos sobre o tema, acesse www.compliancetotal.com.br e  https://www.linkedin.com/company/9299759/.

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